Relação de Bolsonaro e ACM Neto será uma das estratégias do PT para vencer eleição em Salvador, diz Solla

Foto: Luiz Felipe Fernandez

Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores na Bahia, o deputado federal Jorge Solla é apontado como um dos sete pré-candidatos da sigla para a eleição municipal de 2020. Médico sanitarista, carrega em sua trajetória política o trabalho na área da saúde: como secretário do município em Vitória da Conquista, e do estado da Bahia nos mandatos de Jaques Wagner.

Em entrevista ao BNews, Solla não só falou sobre as a disputa pela prefeitura de Salvador, mas também analisou a atuação do ministro Sérgio Moro e do presidente da República, Jair Bolsonaro. Por sinal, o deputado é um dos maiores opositores dos projetos do Governo Federal na Câmara e crítico ferrenho da reforma da Previdência, que segundo ele, penaliza justamente a população mais pobre do país.

Solla representa – ao menos em seu discurso – uma ala dita mais radical do PT, com uma visão econômica tradicionalmente marxista. Ele defende a taxação de grandes heranças e diz que o atual projeto bolsonarista visa diminuir o custo “da força de trabalho” para fazer lucrar ainda mais uma “pequena elite” e retirar do Estado a condição de prover políticas públicas para a população mais necessitada.
 
BNews – Como anda a decisão do Partido dos Trabalhadores sobre as eleições de 2020 em Salvador? Já é certa a candidatura própria da sigla?
Jorge Solla – Não tenho a menor dúvida de que o PT terá candidatura própria, por dois motivos principalmente: a importância no cenário nacional nessa eleição, você tendo as grandes cidades especialmente, com candidatos que possam fazer o debate político, denunciando os absurdos que estão acontecendo no Governo Federal. O espaço eleitoral é privilegiado para esse debate, as pessoas estão mais interessadas em fazer a discussão, precisamos ter um interlocutor para que possa nesse momento da disputa, não só ganhar votos, mas ganhar a mente e o coração das pessoas para resistir à destruição do país.

BNews – E o senhor é um dos pré-candidatos…
JS – Nós temos hoje sete pré-candidatos, eu sou um deles. O PT está começando a fazer o debate, e a gente espera que ainda esse mês comece a afunilar esse processo.

BNews – Mas a eleição de Ademário Costa para a presidência do PT em Salvador não te coloca mais próximo da disputa?
JS – Não, mais próxima é a posição de ter necessariamente candidatura própria do partido. Se será o nosso nome ou de qualquer um dos sete, ou até um oitavo ou novo que venha aparecer no debate, isso não está dado, à priori. Inclusive acho que a gente tem que fazer um esforço nesse debate interno, pra buscar compreender a conjuntura atual, buscar pensar a estratégia eleitoral. Às vezes, um nome tem um perfil mais adequado para uma determinada eleição, dependendo dos segmentos da sociedade que você vai priorizar, você tem um nome que se ajusta melhor.

BNews – Acredita que essa disputa interna no partido será democrática?
JS – O PT é muito diferente dos outros partidos, a maioria dos outros partidos tem chefe, que diz quem decide, aponta o dedo e diz ‘vai ser fulano’. Claro que as lideranças fazem as suas escolhas, mas o PT tem um espaço democrático de debate. Não fechamos Salvador, nem [Vitória da] Conquista, nem Teixeira de Freitas, nem Itabuna. O debate está na rua, como acabamos as escolhas das direções partidárias e as posses ainda estão acontecendo, agora que vai começar efetivamente o debate interno do partido em cada um desses municípios.

BNews – E qual a estratégia para tentar vencer o candidato de ACM Neto, que deve ser um forte cabo eleitoral?
JS – Precisa mostrar que ele é corresponsável pela escolha de Bolsonaro, pior presidente que já teve nesse país, junto com os votos dos seus deputados pela destruição de direitos de política pública e de patrimônio público, que está em curso no Brasil. Tem que demarcar claramente:, Salvador não é uma ilha, é parte de um país que está sendo destruído. Ele é mais do que cúmplice, ele é artificie desse processo de destruição, é o presidente nacional do partido e é bom lembrar, inclusive, que apesar do partido do presidente era o PSL, quem está comandando dentro do Congresso a aprovação das políticas de destruição nacional é o DEM,, na Câmara e no Senado.

BNews – Há muitos anos o PT emplaca um candidato próprio para a Prefeitura, mas nenhum foi eleito. No Governo, ao fim do mandato de Rui Costa, serão 16 anos da legenda no estado. O sr. não acha que lançar novamente um nome, ao invés de apoiar alguém da base, pode influenciar em um eventual apoio para as eleições de 2022?
JS – Não, isso aí não está em cogitação, porquê eu acho que é um direito de qualquer partido apresentar candidatos nas eleições municipais. O PT terá candidatura em vários municípios e em outros, não terá candidatura e apoiará partidos da base de Rui Costa. No caso de Salvador, é bem provável que tenhamos no primeiro turno duas ou três candidaturas fortes, e aquele que apresentar melhor desempenho, no segundo turno com certeza terá apoio dos demais.

Fonte: BNews

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