Do uso como animal de tração e meio de transporte de produtos diversos, o jumento evoluiu para a marcha em exposições nacionais, onde alguns bichos valem até R$ 300 mil. Mas calma, não é qualquer jumento. Uma raça brasileira, surgida em Minas Gerais no século XIX e chamada de jumento pêga, está na Bahia há alguns anos. E o animal, agora, tem a chance de despontar no estado como alternativa econômica para a produção do leite da fêmea, similar ao humano. Um litro de leite de jumenta pode chegar a custar R$ 25.
A viabilidade para a produção desse tipo de leite no estado vem sendo estudada na Universidade Federal da Bahia (Ufba) pelo projeto de pesquisa “Produção, composição e derivados do lácteo do leite asinino”, coordenado pela doutora em Zootecnia Chiara Albano de Araújo Oliveira, dos cursos de Medicina Veterinária e Zootecnia.
A pesquisa começou em 2016, após o governo do estado doar 18 jumentos da raça pêga à Ufba. No Brasil, há duas raças de jumento, a “nordestino”, chamada pelo forrozeiro Luiz Gonzaga de “o maior desenvolvimentista do sertão”, e a “pêga”, que também está no Nordeste, mas que possui mais presença em Minas Gerais e São Paulo. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores do Jumento Pêga (ABCJPêga), a raça com animais de porte maior e marcha diferenciada é, provavelmente, fruto do cruzamento entre jumentos ibéricos e egípcios.
Em fase inicial, a pesquisa foi desenvolvida de forma experimental na própria Ufba e, há um mês, partiu para campo em uma das maiores fazendas de criação de jumento pêga da Bahia, o Haras Ipiranga, em Itororó, no Centro-Sul da Bahia. Na fazenda há 195 animais, a maioria de fêmeas; os demais são machos reprodutores comprados por até R$ 100 mil.