Uma operação realizada por uma força-tarefa de auditores fiscais e outros órgãos resgatou 163 operários chineses em condições análogas à escravidão nas obras da indústria automotiva BYD, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
A fiscalização revelou que, além das condições degradantes de trabalho, como alojamentos insalubres e falta de higiene nos banheiros, os trabalhadores estavam sujeitos a condições de trabalho forçado, com salários retidos e documentos pessoais confiscados pela empresa.
Os operários viviam em condições extremas, com superlotação nos alojamentos, onde até 31 trabalhadores usavam um único vaso sanitário. Muitos dormiam no chão, sem colchões adequados, e a comida era servida de forma precária, sem respeito às normas de higiene. Além disso, a empresa impunha um sistema de salários injustos, com valores muito abaixo do prometido, e uma parte dos pagamentos era retida na China, causando grande dependência financeira dos trabalhadores.
A empresa contratante, BYD, foi considerada corresponsável pelas condições de trabalho, já que a terceirização não exime a empresa de garantir um ambiente seguro e digno para os trabalhadores. Além disso, foi constatado que o empregador impunha um contrato de trabalho com cláusulas que restringiam a liberdade dos trabalhadores de terminar o vínculo, configurando trabalho forçado. Muitos temiam perder os salários pendentes ou não conseguir voltar à China devido ao pagamento das passagens e caução exigidos pela empresa.
A operação resultou na determinação de que a BYD pagasse todos os salários e direitos dos trabalhadores, incluindo os valores retidos e o pagamento das passagens de retorno para aqueles que desejassem voltar à China. A fiscalização identificou que mais de 500 trabalhadores estavam nas obras, e uma audiência judicial foi marcada para garantir o cumprimento da legislação trabalhista e a remoção dos trabalhadores para locais com condições adequadas. Fonte: BNews