Vítima de homicídio a cada 36 horas, público LGBTQIA+ luta para amar e sobreviver no Brasil

Andar de mãos dadas, trocar carinhos e olhares, dar um beijo enquanto está em um espaço público… práticas normais para casais heterossexuais ainda são restritas para o público LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e outros grupos e variações de sexualidade e gênero). O preconceito faz com que grande parte da sociedade ainda veja como “normal” somente o relacionamento entre homem e mulher.

O Dia do Orgulho LGBT é celebrado em 28 de junho e homenageia um dos episódios mais marcantes na luta pelos direitos do movimento: a Rebelião de Stonewall, em Nova York, quando houve diversas invasões a bares frequentados por homossexuais. Esses episódios geraram protestos a favor dos direitos LGBT em várias cidades norte-americanas.

De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2020, foram vítimas de morte violenta no Brasil, vítimas da homotransfobia, 237 pessoas da comunidade LGBT+. Desse total, foram 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%).

O Brasil aparece como o campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. Um relatório de 2019 apontou que, a cada 36 horas, um LGBT brasileiro é vítima de homicídio ou suicídio. 

A servidora pública Lívia Ferreira, que está casada há nove anos com a aposentada Maria das Graças de Jesus, lembra que se descobriu lésbica aos 12 anos após se ver apaixonada por uma mulher. No entanto, ainda criança ela carregava características que a diferenciavam das coleguinhas: jogava futebol, gostava de bola de gude, empinava pipa, ficava sempre onde os homens estavam e era apelidada de “moleque macho”. 

O preconceito já começava daí, ao acreditar que toda lésbica precisa ter gostos ou trejeitos masculinos. Lívia destaca que o termo “sapatão”, por exemplo, foi criado para agredir e ofender as lésbicas, mas que se transformou e tem sido utilizado como ato político pelo movimento.

Foto: rede social

Ela confessa que, mesmo aos 52 anos, ainda sente que a invisibilidade acoberta as lésbicas. “Não temos a possibilidade de nos relacionarmos com nossas mulheres de forma aberta, de nos olharmos, fazermos carinho, sem ter olhares de discriminação e preconceito nos rodeando. É através dessas violências que percebemos como a população precisa melhorar, se transformar e nos respeitar. Somos seres diversos, a sociedade não pode ser excludente, é preciso respeitar todas as formas de amar”, defendeu Lívia.

A servidora revela que, por medo, sua esposa não gosta de trocar carinhos em público. O temor de que sejam agredidas ou até pior, mortas, só por se amarem, faz com que reservem os afagos somente ao ambiente doméstico. Lívia reclama que são recorrentes os assassinatos de lésbicas, trans e travestis, principalmente, e que é muito difícil viver sabendo que pode ser a próxima vítima.

“As políticas sociais não chegam a todos de forma equânime e, para piorar, o espaço da família, que deveria ser acolhedor, muitas vezes não é por causa do preconceito. A sociedade imprime um ódio exacerbado pela vida de outras pessoas, pois não respeita as escolhas alheias”, analisou a servidora. 

Ela não chegou a ser colocada para fora de casa, mas, ainda quando era muito nova, sua mãe avisou que era para estudar e procurar logo um lugar para viver. Apesar de não conversarem sobre sua orientação sexual, a mãe de Lívia tinha noção que ela não era heterossexual.

Fonte: Bnews

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